Trump assina ordem que designa Antifa como uma organização terrorista
Trump havia prometido ações contra grupos de esquerda após o assassinato de Charlie Kirk — embora não haja evidências de que ele tenha sido morto por um ativista de esquerda. Movimentos antifacistas atuam em vários países, sendo um dos mais ativos nos EUA.
Por Redação g1
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Antifa é uma abreviação de antifascismo. Os primeiros movimentos antifascistas surgiram na Itália e na Alemanha, entre as décadas de 1920 e 1930, em oposição ao fascismo de Benito Mussolini e ao nazismo de Adolf Hitler.
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Na ordem desta segunda, o governo Trump justificou a medida ao afirmar que o grupo utiliza “meios ilegais para organizar e executar uma campanha de violência e terrorismo” no país.
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Durante seu primeiro mandato, Trump já havia ameaçado classificar o grupo como terrorista, mas recebeu críticas de organizações de direitos civis.

Trump assina ordem executiva ue designa o movimento Antifa como uma “organização terrorista doméstica” — Foto: Reuters/Ken Cedeno
Trump assina ordem executiva ue designa o movimento Antifa como uma “organização terrorista doméstica” — Foto: Reuters/Ken Cedeno
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (22) uma ordem executiva que designa o movimento Antifa como uma “organização terrorista doméstica”, informou a Casa Branca.
Trump havia prometido ações contra grupos de esquerda após o assassinato de Charlie Kirk, em 10 de setembro — embora não haja evidências de que ele tenha sido morto por um ativista de esquerda, segundo a NBC News.
🔎 O termo antifa é uma abreviação de antifascismo. Os primeiros movimentos organizados antifascistas surgiram na Itália e na Alemanha, entre as décadas de 1920 e 1930, em oposição ao fascismo de Benito Mussolini na Itália e ao nazismo de Adolf Hitler na Alemanha.
No texto, o governo Trump justificou a medida ao afirmar que o grupo “defende a derrubada do governo dos EUA, das autoridades de segurança e do sistema de leis”, além de utilizar “meios ilegais para organizar e executar uma campanha de violência e terrorismo” no país.
“O Antifa recruta, treina e radicaliza jovens americanos para participarem dessa violência e da supressão da atividade política, utilizando depois mecanismos elaborados para esconder a identidade de seus integrantes, ocultar suas fontes de financiamento e operações, numa tentativa de frustrar a atuação das autoridades, e recrutar novos membros”, diz a decisão.
Historicamente, os grupos antifas lutam contra o racismo e o sexismo, além de adotarem discursos anticapitalistas. Analistas costumam classificá-los como de esquerda ou extrema-esquerda, embora os integrantes se apresentem apenas como oposição à ideologia de extrema-direita.
Os antifas não buscam representação eleitoral nem influência no Congresso. O grupo, no entanto, costuma adotar métodos semelhantes aos dos anarquistas, que incluem destruição de propriedades privadas e confrontos físicos com opositores.
Atualmente, coletivos da mesma linha atuam em vários países, sendo um dos mais ativos nos Estados Unidos.

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Como funciona o Antifa?

Anarquistas e manifestantes antifa marcham perto de um protesto liderado por nacionalistas brancos em Charlottesville, Washington, EUA, em 12 de agosto de 2018. — Foto: Reuters/Jim Bourg/Foto de arquivo
Anarquistas e manifestantes antifa marcham perto de um protesto liderado por nacionalistas brancos em Charlottesville, Washington, EUA, em 12 de agosto de 2018. — Foto: Reuters/Jim Bourg/Foto de arquivo
O Antifa não possui liderança central, estatuto ou filiação partidária. Funciona como uma rede descentralizada e informal. Os participantes têm como causas principais o combate ao fascismo, racismo, homofobia, xenofobia e machismo. Também são comuns pautas ligadas ao ambientalismo, justiça social e críticas ao sistema capitalista.
Os grupos antifa atuam de diferentes formas: organizam protestos, expõem integrantes de movimentos de ódio e promovem boicotes a eventos de grupos extremistas. Em alguns casos, adotam táticas de confronto direto, rejeitando a mediação de instituições estatais ou policiais, que consideram parte da violência institucional.
No Brasil, manifestações antifascistas foram registradas desde os anos 1930, em resistência ao Integralismo. O movimento ressurgiu com força entre coletivos punks nos anos 1980 e 1990, esteve presente nas manifestações de 2013 e em protestos contra governos classificados como autoritários por seus integrantes.
Por seu caráter de confronto, o movimento costuma ser alvo de críticas de governos e setores conservadores. Nos Estados Unidos, os antifas já receberam críticas tanto do partido Republicano, de Trump, quanto do Democrata, devido à violência em protestos.
Não é a primeira vez
Durante o primeiro mandato de Trump, os antifas ganharam destaque após protestos em 2020 contra a morte de George Floyd — homem negro que morreu quando um policial se ajoelhou sobre o pescoço dele.
Na época, Trump já havia ameaçado classificar o grupo como terrorista, mas recebeu críticas de organizações de direitos civis. Especialistas também questionaram se o presidente teria poder para fazer essa designação.
Atualmente, os EUA atravessam o período mais prolongado de violência política desde a década de 1970, segundo a Reuters. A agência documentou mais de 300 casos de atos violentos motivados politicamente desde que apoiadores de Trump atacaram o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.