
Centenas de tratores e milhares de agricultores de diversos países bloqueiam desde a madrugada desta quinta-feira as principais vias de Bruxelas, em protesto contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
A manifestação ocorre no mesmo dia em que tem início o Conselho Europeu, presidido pelo ex-primeiro-ministro português António Costa. Os agricultores protestam contra possíveis cortes nos subsídios da Política Agrícola Comum e rejeitam a assinatura do acordo negociado pela Comissão Europeia com os países sul-americanos, prevista para sábado, em Iguaçu.
A concentração oficial estava marcada para o meio-dia, no horário local, com previsão de encerramento às 15h30. A expectativa é de que cerca de oito mil agricultores participem do protesto, com aproximadamente 500 tratores mobilizados.
Embora o acordo com o Mercosul não esteja formalmente na pauta da cúpula da União Europeia, que tem como foco principal o apoio financeiro à Ucrânia, fontes do bloco admitem que o tema pode ser discutido entre os líderes dos 27 países membros.
A ratificação do acordo intercontinental exige maioria qualificada no Conselho Europeu. França e Itália, embora em menor grau, ainda mantêm reservas em relação à decisão e seguem em negociações com representantes do setor agrícola.
Na quarta-feira, a União Europeia definiu as diretrizes finais das cláusulas de salvaguarda do acordo comercial, com o objetivo de proteger os agricultores europeus de possíveis impactos negativos decorrentes do aumento das importações da América Latina. As medidas permitem que a Comissão Europeia avalie e adote ações sobre produtos específicos que possam causar prejuízos ao mercado europeu.